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sábado, 8 de junho de 2013

"NENHUM OBSTÁCULO SERÁ TÃO GRANDE SE TUA VONTADE DE VENCER FOR MAIOR"- AUTOR DESCONHECIDO-- VOCÊ É EXATAMENTE AQUILO QUE SUA ALMA SENTE. EVA IBRAHIM

                                        FENIX, A CADELA.

Leandro, o policial, estava trabalhando como vigilante em uma grande empresa de manufaturados; era um bico para completar o orçamento. Ele e o seu companheiro se revezavam para cobrir toda a extensão do pátio externo do local. A construção da empresa aconteceu em um antigo sítio da região e ainda havia muita terra para ser ocupada, principalmente perto do rio, que ficava na divisa do terreno. Os dois policiais andavam por toda aquela área, cuidando para que nenhum desocupado adentrasse ao recinto para roubar os muitos barracões ali existentes.
Na noite de sexta feira houve um churrasco em comemoração ao aniversário de Juca, o companheiro de Leandro. Uma festa regada a cerveja, que terminou tarde da noite. Na manhã de sábado os dois estavam de serviço e Leandro não estava bem, comera alguma coisa que lhe embrulhava o estômago; sentia náuseas e parecia que iria vomitar a qualquer momento.
Lá pelas nove horas, o rapaz avisou ao amigo que iria andar até o rio para tomar ar e ver se melhorava do mal estar. Leandro caminhava e respirava fundo, estava mal e pensava seriamente em pedir para outro colega policial assumir seu lugar e ir para sua casa. Precisava de algum medicamento para o estômago com urgência.
Caminhou devagar e quando estava próximo do rio ele ouviu um barulho estranho, instintivamente levou a mão à arma e ficou alerta. Parecia um grunhido, um lamento, um uivo, não sabia bem o que poderia ser. Olhou com olhos de águia para identificar o local do barulho e quando chegou ao barranco, ouviu o lamento novamente. Resolvido a esclarecer a situação desceu o barranco com a mão no coldre e avistou lá no fundo, bem perto do rio, um cachorro semienterrado no chão. Aparecia somente a cabeça e era de lá que vinha o uivo, já enfraquecido pelo cansaço.
Leandro se aproximou e ficou perplexo pela maldade que fizeram ao pobre animal, estava enterrado vivo para morrer de fome e sede. O policial, acostumado com tragédias, não se conformava com o que presenciava, era demais para seus olhos, de onde escorreram duas lágrimas com gosto de sal. Olhou para o céu pedindo a ajuda de Deus para que o iluminasse naquela situação triste e inusitada.
Teria que tirar o animal de lá, mas como faria isso? Não tinha ferramentas. Pensava o homem impressionado com a situação encontrada no local.
Tirou o cinto e o colocou no pescoço do animal, que estava tão fraco que mal teve reação. Com cuidado para não machucar o cachorro o rapaz puxava com uma mão e cavava a terra com a outra desesperadamente; estava empenhado em salvar o pobre cão. Invocando ajuda divina e com muita determinação Leandro conseguiu mover o animal ofegante. Retirou o corpo inerte da terra e o deitou no capim, em seguida pegou uma lata de cerveja vazia, que estava jogada ali perto e encheu de água do rio despejando na boca do animal, que abriu os olhos e sorveu o líquido.
Em seguida, o policial, usando o rádio pediu ajuda ao colega, que veio rapidamente e surpresos viram que se tratava de uma cadela; era peluda e da cor de mel. Fenix, disse Leandro, estava batizada, se sobrevivesse, pois não parava em pé. Certamente, fazia muitas horas que ela estava lá enterrada com fome e sede. Os dois policiais não sabiam o que fazer, mas, enquanto afagavam a cabeça do animal tiveram a ideia de chamar um veterinário conhecido na cidade e pertencente à Associação Protetora dos Animais.
Passaram um rádio para a base do pelotão e logo depois chegava o veterinário e sua assistente de nome Lola. Os dois, chocados, com tamanha maldade trataram de coloca-la na carroceria da caminhonete e cobri-la com um cobertor apropriado. Mas, antes de saírem teriam que vistoriar o local para ver se tinha mais alguma coisa deixada pelos bandidos. Encontraram quatro filhotes da cadela, mortos e jogados no capinzal, só então repararam que a Fenix estava com as mamas cheias de leite.
Uma violência sem tamanho dizia o veterinário, mataram os filhotes e a deixaram para morrer enterrada viva; faria o possível para salvá-la. Enquanto o veículo se movimentava os dois policiais trataram de enterrar os filhotes da Fênix para retornar ao trabalho.
Leandro ficou tão empenhado em salvar aquele animal que se esqueceu do mal estar; agora estava bem. Pensativo, o rapaz agradecia a Deus, pois, se ele não chegasse a tempo a cadela morreria de fome e sede naquele local ermo.
Passado alguns dias Leandro recebeu um telefonema pedindo que fosse à Associação Protetora dos Animais, que a assistente queria falar com ele. Chegando ao local foi informado que a cadela estava bem e fora castrada. A Fênix quando viu o policial começou a abanar o rabo e recebeu um afago na cabeça, estava limpa e bem cuidada. Leandro ficou feliz, seu esforço fora recompensado.
Lola entrou e disse ao policial que poderia leva-la para sua casa, pois, lhe pertencia por direito; agora era seu dono. O rapaz, surpreso, disse que sua esposa não iria aceitar a cadela em sua casa. Sorrindo a moça disse que o problema estava em suas mãos e saiu da sala. Leandro pegou a cadela no colo e ela lambeu seu rosto.
Como ele poderia resistir ao carinho recebido? Saiu dali com o compromisso de cuidar da sobrevivente. Com cuidado, colocou sua nova companheira na caminhonete, seguindo para a sua chácara, onde soltou a Fênix para correr pelo gramado; não poderia abandoná-la; era um caso entre ele e Deus.

Depois de um ano a Fênix continua lá, está gorda, brincalhona e adora seu dono, faz muita festa quando ele chega, é seu amo e protetor.
Um texto de Eva Ibrahim.
MEU MUNDO REINVENTADO.

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