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sábado, 27 de abril de 2013

"ALGUMAS PESSOAS SORRIEM COM OS OLHOS E ISSO ME ENCANTA". AUTOR DESCONHECIDO.-- FIDELIDADE NÃO É UMA QUESTÃO DE ESCOLHA, MAS DE CARÁTER. EVA IBRAHIM


                                                ALQUIMIA
A minhoca pulava na frigideira e Elena pensava na monstruosidade que estava fazendo. De repente a minhoca caiu fora da frigideira, em uma última tentativa de sobrevivência.
A vida do sítio na pequena cidade de Coqueiral sempre foi tranquila para o casal de lavradores e seus filhos. Roberto e os três filhos maiores cuidavam da roça. Havia plantação de legumes e verduras, que eram vendidas nas Centrais Estaduais de Abastecimento (CEASA) da capital. Elena cuidava dos afazeres da casa, das duas filhas menores e acalentava um sonho bem no fundo do coração. Queria mudar, com sua família, para a cidade e estudar os filhos; principalmente as meninas. Desejava que eles tivessem novas oportunidades na vida, o que certamente não seria possível na roça. Algumas vezes tentou conversar com seu marido, mas ele argumentava que não saberia o que fazer na cidade.
As meninas já estavam crescidas quando surgiu uma oportunidade de vender aquela propriedade e realizar o sonho de Elena. Roberto ficou animado, trocaria o sítio por uma casa de ferragens, compraria um automóvel novo e ainda teria um pouco de dinheiro para iniciar a nova vida. Em três meses a vida da família mudara radicalmente. Os filhos maiores foram estudar à noite e durante o dia ajudavam o pai na loja. Elena cuidava da casa e as meninas iam à Escola. O casal mantinha alguns animais no terreno ao lado da casa, inclusive um cavalo.
Depois de alguns meses, Roberto já não ficava em casa após o trabalho; tinha novos amigos e vivia nos bares. Sua esposa, em uma conversa séria, perguntou ao marido o que havia de errado, ele não parava mais em casa; mas ele saiu de fininho.
 – Foi ela quem quis mudar com a família para a cidade e agora ele tinha novos conhecimentos e queria viver a vida. Disse o homem empolgado.
Elena ficou muito preocupada, teria que vigiar o marido, pois seu comportamento mudara da noite para o dia. Quando a loja ficava fechada ele saia a cavalo com os amigos e chegava tarde à sua casa. Do homem amoroso e prestativo do tempo em que viviam na roça, restou muito pouco, agora era um homem da noite, vivia nas baladas. A mulher, em sua simplicidade, foi assuntar com a vizinha e perguntou o que queria dizer “balada”. Depois da explicação a mulher ficou mais assustada.
– Estaria sendo traída, será que o seu Roberto arrumara outra mulher?
Elena não tinha mais sossego, não dormia enquanto o marido não entrava em casa. Roberto sempre chegava cheirando a álcool e a perfume barato; caia na cama e nem olhava para sua esposa. A mulher, nervosa, ia se aconselhar com a vizinha. Um dia, a vizinha,  convidou Elena para irem á casa de uma benzedeira, dizendo que a mulher resolvia qualquer problema do coração.
Elena era temente a Deus e não gostava dessas coisas, iria pensar, depois resolvia. No dia seguinte, era domingo e Roberto ainda dormia quando bateram palmas em frente a sua casa e a mulher foi atender. Lá estava um homem montado a cavalo, vestia uma capa preta e era mal encarado. Um dos novos amigos de seu marido, que o estavam levando para a farra. Ela perguntou o que ele queria e a resposta a deixou irada.
 – Vim buscar o Roberto para irmos passear, conforme o combinado.
A mulher perguntou se ele não tinha vergonha de chamar um pai de família para ir atrás de coisas erradas, tais como, mulheres. Sorrindo o homem que se chamava Dito Santo, que de santo não tinha nada, respondeu:
 - Minha senhora, o que posso fazer se seu marido tem o dom de conquistar as mulheres?
 Empinou o cavalo e descaradamente aguardou o Roberto sair para acompanhá-lo. Elena ficou chorando, não poderia aguentar mais aquilo e foi pedir ajuda à vizinha, iria com ela até a casa da vidente. Após o almoço as duas mulheres foram procurar a benzedeira, que por uma quantia em dinheiro daria a receita de uma “Alquimia” para acalmar o marido de Elena. Depois do trato feito, a mulher garantiu sucesso absoluto se ela seguisse as regras.
Teria que encontrar uma minhoca em solo fértil e em seguida torrá-la em uma frigideira até virar um pó. Sentindo muita pena da minhoca, mas por motivo justo, segundo ela, capturou o ingrediente principal da "Alquimia".
A mulher tratou de pegar a minhoca que havia caído no fogão e a jogou de volta para a frigideira, a minhoca morreu. Enquanto o invertebrado virava pó ela sentia-se culpada por matar aquela criatura, mas iria em frente. Agora a receita dizia que teria que fazer um café e incorporar os restos mortais da minhoca no café e servir ao marido. Quando Elena terminou de preparar aquela Alquimia louca, o Roberto chegou todo alegre e sorridente; parecia feliz. A mulher colocou a garrafa térmica de café sobre a mesa e ele tratou de tomar logo uma xícara cheia. Ela sorriu baixinho, era hora da vingança.
O homem parecia ter gostado do café, depois da terceira xícara ele perguntou se Elena havia trocado o pó de café, pois estava muito bom. Ela respondeu que era o de sempre, mas fizera com amor, por isso estava gostoso. Tratou de agradar ao marido, sentia-se segura, ficaria com ele para sempre.
No dia seguinte seu marido parecia o mesmo, agia naturalmente, não mudara em nada. Elena ficou pensativa, teria que aguardar a Alquimia fazer efeito, talvez levasse algum tempo.
Os dias foram passando e seu marido saia de casa todos os dias, nada mudou; então ela percebeu que caiu no conto da vigarista. A minhoca morreu de uma forma triste e o sem vergonha do seu marido continuava o mesmo. A “Alquimia” não dera certo, teria que recorrer a Deus, pois, não havia minhoca que desse jeito no Roberto. Um texto de Eva Ibrahim.
MEU MUNDO REINVENTADO.

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